A Microsoft anunciou em Los Angesles
(EUA) sua mais nova investida no mercado de tecnologia com o anúncio do
tablet Surface, que promete lutar lado a lado pelo mercado de mobilidade
largamente dominado pela Apple.
O anúncio, que gerou grandes
especulações na última semana tamanho o esforço da Microsoft em tornar
secreto o que chamou de o maior anúncio de sua história, foi feito pelo
CEO Steve Ballmer, que apresentou as duas versões do Surface, uma com
Windows 8 RT (baseado em arquitetura ARM da Nvidia) e outra com o
Windows 8 Pro Model.
Fernando Belfort, analista sênior de
mercado da Frost & Sullivan, afirma estar positivamente surpreendido
por todo o efeito que o lançamento causou no mercado de tecnologia “ao
melhor estilo Apple”. “A Microsoft mostrou que fez a lição de casa e
soube chamar a atenção e apresentar o seu tablet da melhor forma
possível, causando de imediato um barulho digno dos lançamentos da
Apple”, comenta.
Belfort afirma que essa é a oportunidade
da Microsoft conseguir colocar em prática um conceito que sempre foi
bem aplicado pela empresa fundada por Steve Jobs, que é a união do
hardware e do software. “Está é a oportunidade da Microsoft de cuidar
da experiência do usuário de ponta a ponta”, avalia.
Mas as comparações, embora positivas,
param por ai. O analista da Frost & Sullivan vê uma oportunidade
única de cativar usuários finais e corporativos dentro de uma
experiência estendida em diversas plataformas através do Windows 8, que
estará presente em desktops, notebooks, ultrabooks, smartphones e
tablets. “As possibilidades de integração se tornam infinitas quando o
mercado fala a mesma linguagem”, pontua. “Isso para o usuário final é
positivo, mas para o mercado corporativo é uma jogada que pode revelar, a
médio e longo prazo, uma grande estratégia corporativa de mobilidade.”
O analista conta que teve a oportunidade
de experimentar o Nokia Lumia com Windows Phone e afirma ver uma
continuidade neste processo de mobilidade. “Esse tablet pode alavancar
as vendas de smartphones da Nokia”, avalia. “O layout limpo e básico dos
novos sistemas operacionais da Microsoft são atrativos a parte e ganham
ainda mais força com uma experiência que sai da mesa do usuário até a
qualquer lugar que ele esteja.”
Outra vertente observada por Belfort que
pode mostrar um futuro brilhante para o tablet da Microsoft, é que o
Market Place – App Store da empresa de Bill Gates – ganha, por dia,
quase 500 aplicativos.
A briga no mercado corporativo ficou acirrada
A Apple tem grande adesão no mercado
corporativo devido a sua plataforma apresentar uma segurança superior ao
restante de seus concorrentes, o que, da visão do Google é o maior
problema de seu sistema operacional Android, que enfrenta sérias
dificuldades para ganhar espaço dentro das empresas, devido a alta
vulnerabilidade.
Belfort propõe um cenário onde a
Microsoft e a Apple brigariam diretamente dentro do mercado corporativo,
e o Android cairia em um uso mais entrante, destinado ao usuário final.
“É a hora do Google pensar na questão de plataforma aberta sob
responsabilidade dos parceiros de OEM”, avalia. “Num primeiro momento,
trata-se de uma possibilidade, mas colocando as cartas na mesa e
pensando na alta dominância do mundo Microsoft no mercado corporativo e a
possível – e provável – integração de todas as plataformas Windows, o
Google tem muito a avaliar de sua estratégia de go-to-market para
empresas.”
E este é o ponto que também pode apertar
bastante o calo do Android. “Se o Surface deslanchar como plataforma
amigável e com mais segurança, nada impede que parceiros como LG e
Samsung olhem com mais apreço para o sistema operacional móvel da
Microsoft”, explica. “Certamente, podemos esperar algo no longo prazo do
Google com a compra da Motorola, mas esse longo prazo não pode se
estender demais.”
iPadKiller? “O mercado de tecnologia tem
muito disso, de matar as tecnologias que já existem, causando um furor
desnecessário. A Microsoft mostra força total na questão de mobilidade e
integração da experiência do usuário e pode vir a surfar as mesmas
oportunidades da Apple, mas a margem de mercado a favor do iPad é bem
larga”, finaliza Belfort.
Antigas experiências
Historicamente, a Microsoft não tem um
bom desempenho quando o assunto é hardware. Tirando o console de jogos
Xbox, muitas das investidas nunca deram grandes resultados e foram
rapidamente tiradas do mercado. Questionado quanto a uma possível volta
deste cenário, o analista da Frost & Sullivan é bastante pontual em
dizer que “a Microsoft não ousaria tanto para perder a curto prazo”. Ele
explica: “Tendo em vista tudo o que foi preparado e como foi
apresentado, além das próprias especificações do Surface, é mais fácil
fazer com que os concorrentes repensem seus aparelhos do que tudo isso
seja um tiro no escuro da Microsoft”.
Em 2010, Microsoft e HP lançaram o
tablet Slate 500, que além de não empolgar o mercado de tecnologia, foi
posto a venda ao preço de 799 dólares e atingiu a incrível marca de
apenas 9 mil unidades produzidas. No mesmo ano, a Apple lançou o iPad,
que vendeu cerca de 14 milhões de unidades nos primeiros 12 meses.
“Acredito que eles tenham aprendido e a proposta do novo tablet se
mostra completamente diferente”, compara.
Um pouco mais sobre o Surface
O Surface Windows RT terá 9,3 milímetros
de espessura, porta USB 2.0, entrada micro SD, carcaça de magnésio,
cerca de 680 gramas e tela de 10,6 polegadas, com capa embutida para
apoiá-lo – como a smart case do iPad – e teclado touchscreen. Ele será
vendido com duas versões de armazenamento: 32 GB ou 64 GB, das quais
Ballmer afirmou que chegará a “preços convencionais de aparelhos com
tecnologia ARM”.
O Surface com
Windows 8 Pro também terá o mesmo tamanho de tela, mas é mais pesado,
com 903 gramas, maior espessura, 13,5 mm, e com autonomia de bateria um
pouco maior, de acordo com a Microsoft, e usará processadores Ivy Bridge
da Intel. Além disso conta com porta USB 3.0. Ele será vendido em duas
versões: uma de 64 GB de armazenamento e outra de 128 GB.
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